O representante nordestino no NBB
- Na Rede
- 21 de nov. de 2018
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Atualizado: 3 de dez. de 2018
Por: Lucas Eduardo Figueira
Desde que o Novo Basquete Brasil (NBB) surgiu, em 2008, 34 equipes distintas e de uma grande variedade de cidades participaram da competição. Destas, grande maioria fica centradas principalmente no estado de São Paulo (14 equipes) e no eixo Sul/Sudeste.

Apenas duas equipes da região Nordeste já participaram da competição. Uma delas é o Basquete Cearense, franquia que cresce a todo ano e resiste mesmo com a distância do principal mercado midiático. A franquia foi fundada em 2012, com uma parceria entre SKY, prefeitura de Fortaleza e a Liga Nacional de Basquete (LNB).
Logo no primeiro ano a equipe ficou em oitavo lugar na fase de classificação e se garantiu nos playoffs. Aliás, das seis temporadas que a equipe já disputou, em cinco conseguiu chegar a fase de mata-a-mata.

Além da equipe principal, o Carcará também possui um time na Liga de Desenvolvimento. Em 2015, a equipe formada apenas por jogadores sub-22 foi campeã invicta (vencendo 23 jogos) da LDB. Tal feito demonstra também o potencial do time para os próximos anos.
Segundo o presidente Thalis Braga, o grande fator que assegura a evolução da equipe é a montagem de grandes elencos e a transformação na cultura local em relação ao basquete, engajando cada vez mais os torcedores e fazendo com que a equipe construa uma “marca forte”.
“Manter um projeto profissional, competitivo e bem estruturado no NBB é um desafio para todos os clubes integrantes da LNB. Para nós, que estamos no Nordeste, um pouco mais distante dos centros econômicos do país, o cenário se torna ainda mais desafiador. Tenho como meta qualitativa principal tornar o Basquete Cearense um projeto sustentável a médio prazo”, completou o presidente.
A falta de estrutura é o ponto negativo de atuar fora dos grandes centros. Para Paulinho, armador da equipe e que jogará sua 10ª edição de NBB, o basquete no Ceará e em todo o Nordeste tem muito a crescer, mesmo com o bom trabalho feito nas escolas.

Já o pivô Kurtz sente a falta de um campeonato estadual estruturado, como o que existe em São Paulo, para o Ceará. Além da estrutura, outro fator que interfere é o calor na região: “Aqui, especialmente no Ceará, raramente chove. É verão o ano todo, então pra quem gosta de um friozinho de vez em quando, aqui não é muito recomendado”, diz o atleta.
Além de ser a única equipe nordestina no NBB, o Basquete Cearense teve certas dificuldades para fazer as garantias financeiras necessárias e poder participar da liga na atual temporada. Sobre tais problemas o presidente diz que: “não ocorrem exclusivamente com o nosso projeto. Equipes tradicionais do basquete brasileiro enfrentam o mesmo problema ano após ano no NBB. Passamos os últimos 3 anos com um patrocinador máster exclusivo, o que fazia sermos 100% dependentes desta fonte de receita. Ao final do contrato com a Solar, tivemos dificuldade para mobilizar num curto período de tempo, os recursos mínimos exigidos pela LNB para participação no NBB.”
Kurtz já presenciou casos de equipes que não apresentaram as garantias financeiras e tiveram seus projetos acabados, casos do Uberlândia e mais recentemente o Vitória. O pivô diz ficar chateado de ver projetos acabarem: “O esporte depende muito da mídia, e é aí que entram os patrocinadores. O fato de ainda não ter muito espaço nesta área, faz com que empresas não vejam o basquete como um bom retorno para investimento. Isso torna o trabalho de equipes menores mais difícil. Tendo poucos recursos pra buscar jogadores e estruturar a equipe, essas equipes tendem a encerrar as atividades por falta de verbas e incentivo.”

Na contramão dos problemas, as expectativas para o futuro do basquete nacional e nordestino são otimistas, principalmente para Thalis Braga: “Somos uma região muita rica em talentos e material humano, além de termos torcedores muito apaixonados. Vejo alguns projetos se estruturando para formação de equipes de base, outros visando participação em competições adulta nacionais e tenho muito orgulho de saber que o Basquete Cearense é referência neste contexto.”
Um dos fatores fundamentais que ajudam no bom desenvolvimento é todo o apoio dado pela Liga. “A LNB tem um modelo de gestão que é referência para entidades esportivas de todo o país, onde as decisões são colegiadas e tomadas pelos próprios representantes dos clubes. A Liga vem conseguindo a cada ano melhorar a gestão do “produto” NBB e gerando vários benefícios diretos e indiretos para os clubes, principalmente no que diz respeito aos acordos comerciais, à comunicação e à organização de uma competição de alto nível técnico e muita credibilidade perante à sociedade e parceiros”, disse o presidente.

“Pretendo fazer o Basquete Cearense figurar entre quatro maiores clubes de basquete do país, nos próximos cinco anos”, disse o mandatário.
A meta para o futuro do Basquete Cearense é estabilidade. Tanto financeira, quanto de qualidade do time. Se manter sempre brigando pelos playoffs e contando com elencos cheios de grandes jogadores.
O que o clube realiza e conquista diariamente é a representação de um estado e uma região, que muitas vezes são deixados de lado, dentro do NBB. Mesmo com dificuldades o Basquete Cearense mostra um padrão acima do nível de gestão e planta os frutos para colher mais tarde.
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